O ministro do Esporte, André Fufuca, deverá continuar no governo Lula, mesmo sob forte pressão do seu partido para deixar o posto. O senador Ciro Nogueira, presidente do PP, diz que Fufuca deverá ser punido com a perda do controle do diretório da sigla no Maranhão, seu reduto eleitoral, e com a destituição do cargo de vice-presidente no comando nacional da legenda.
Em nota, Ciro disse que, “diante da decisão de desobedecer a orientação da Executiva Nacional do partido e permanecer no Ministério do Esporte, o ministro André Fufuca fica, a partir de agora, afastado de todas as decisões partidárias, bem como da vice-presidência nacional do partido”. O senador acrescentou que “a Direção Nacional do Progressistas realizará, ainda, intervenção no diretório do Maranhão, retirando o ministro do comando da legenda no estado” e que “não fará parte do atual governo, com o qual não nutre qualquer identificação ideológica ou programática”.
Procurado, o ministro do Esporte não se manifestou.
O partido de Fufuca e o União Brasil, que anunciaram uma federação, determinaram que todos os filiados com cargos ligados ao governo Lula devem ser desligados das suas funções, sob pena de serem expulsos das legendas.
O ministro do Esporte é deputado licenciado pelo PP do Maranhão e, apesar de integrar o governo Lula e apoiar a reeleição do petista para o ano que vem, é um dos nomes considerados mais próximos de Ciro Nogueira, opositor declarado do presidente.
Nessa segunda-feira, Fufuca participou ao lado de Lula de um evento de entrega de residências do Minha Casa, Minha Vida em Imperatriz (MA). Antes de discursar, o ministro do Esporte falou com Ciro Nogueira e avisou que declararia apoio ao presidente.
— Eu falo em alto e bom som: eu estou com Lula. Eu estou com o Lula do Bolsa Família, do Vale Gás, do Pé de Meia, o Lula do Mais Médicos, do Mais Renda, do Fies, do Prouni. O Lula que tirou o filho do pobre da rua e colocou para fazer medicina na faculdade privada. O Lula que falou em alto e bom som para os Estados Unidos: respeite o nosso Brasil. É esse o Lula que estou ao lado dele — afirmou Fufuca, em discurso ao lado do presidente.
Em seu discurso, Fufuca fez referência indireta ao ultimato do PP ao falar que pode estar “amarrado”, mas declarou apoio a Lula nas eleições de 2026.
— O importante não é justificar o erro, o importante é evitar que ele se repita. Em 2022, eu cometi um erro. Agora, em 2026, pode ser que o meu corpo esteja amarrado, mas a minha alma, o meu coração e a minha força de vontade estarão livres para brigar e ajudar Luiz Inácio Lula da Silva a ser presidente do Brasil — afirmou o ministro do Esporte.
A destituição de Fufuca do diretório do Maranhão antecipa a resolução de um impasse que se criou com a formação da federação entre PP e União Brasil. A ideia é, com a nova aliança partidária, o comando do diretório maranhense fique com o líder do União na Câmara, Pedro Lucas (MA), que pode se colocar como candidato a senador no lugar do ministro. A legenda, no entanto, tem descartado expulsar Fufuca do PP.
A punição de Fufuca acontece num momento em que Lula tem dobrado a aposta com o Centrão. O presidente disse nessa terça-feira que não irá “implorar” por apoio dos partidos ao governo. Com popularidade em recuperação, o petista aposta no racha interno das siglas para fortalecer palanques locais em 2026, mesmo com a oposição da cúpula dessas legendas. Mesmo com o ultimato de União Brasil e PP, que exigem a saída de Celso Sabino (Turismo) e Fufuca (Esporte), Lula não dá sinais de que irá mexer no primeiro escalão.
Em agosto, o presidente disse em uma reunião ministerial que não gosta pessoalmente do presidente do União Brasil, Antonio Rueda, e reclamou de Ciro Nogueira ao declarar que ele tenta se viabilizar como candidato a vice em uma chapa presidencial com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Na mesma reunião, Lula reclamou que os ministros da legenda não o defendem em eventos partidários em que o governo era atacado e que poderiam sair do governo caso assim desejassem.