O governo federal suspendeu a nomeação do jornalista e militante de direita Sérgio Camargo para a presidência da Fundação Palmares em uma edição extra do Diário Oficial da União (DOU) publicada na noite de quarta-feira. Na mesma publicação, o governo anulou a nomeação de Luciana Féres para a presidência do Instituto do Patrimônio Artístico Nacional (Iphan), horas após tê-la designado para o cargo.
Camargo havia sido foi nomeado no dia 27 de novembro para a presidência do órgão que é responsável pela promoção da cultura afro-brasileira. O ato foi suspenso no último dia 4, após o juiz Emanuel Guerra, da 18ª Vara Federal do Ceará, acatar um pedido de uma ação popular que indicava a incompatibilidade do jornalista para o cargo pelos seus posicionamentos em redes sociais. A Advocacia-Geral da União (AGU) chegou a recorrer da decisão.
Entre as publicações de Camargo que provocaram revolta estão declarações como de que não há “racismo real” no Brasil, que a escravidão foi “benéfica” para descentes de escravos e que o movimento negro precisa ser “extinto”.
Na mesma edição extra do Diário Oficial da União, o governo tornou sem efeito a nomeação da arquiteta e urbanista Luciana Féres para a presidência do Iphan . Ela havia sido designada na manhã do mesmo dia, para substituir Kátia Bogéa, no órgão responsável pela preservação do patrimônio cultural do Brasil.
A escolha de Féres para o cargo havia sido capitaneada pelo ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio , chefe da pasta onde a secretaria especial de Cultura e suas entidades vinculadas como o Iphan estão alocadas desde novembro.
A nomeação havia sido a primeira de perfil mais técnico na nova estrutura da gestão cultural do governo, após a série de indicações de cunho ideológico e conservador promovidas pelo secretário especial de Cultura, Roberto Alvim.
Como informou a coluna de Guilherme Amado , no site da revista “Época”, o nome preferido para Alvim era o de Olav Schrader, monarquista ligado ao grupo de Olavo de Carvalho. O Globo