O ex-prefeito de Timon, Luciano Leitoa, concedeu uma entrevista exclusiva ao jornalista Elias Lacerda. Ex-deputado federal, deputado estadual e prefeito de Timon por dois mandatos, Luciano faz uma análise completa da conjuntura política atual do Maranhão, citando o prefeito de São Luís Eduardo Braide como fator de surpresa, diz que o grupo Leitoa terá candidatura de deputado ou deputada estadual em 2026 e ainda avalia esses primeiros dias da administração do atual prefeito Rafael de Brito em Timon.
Confira abaixo o que pensa o ex-gestor de Timon.
Pergunta – Como Luciano Leitoa avalia o cenário político estadual e a configuração de forças políticas para as eleições de 2026 no Maranhão? O senhor acredita numa possível unidade dos grupos do governador Carlos Brandão e os herdeiros políticos do atual ministro do STF, Flávio Dino?
Luciano Leitoa – Há uma movimentação clara entre aqueles que defendem que o atual governador cumpra o compromisso assumido nas eleições de 2022. Naquela ocasião, como vice, ele teve o apoio determinante do então governador Flávio Dino, hoje ministro do STF. Esse apoio foi fundamental para sua vitória, e como parte desse arranjo político, Felipe Camarão foi escolhido como vice, consolidando uma aliança. Homem preparado, Felipe tem desempenhado seu papel com equilíbrio e compromisso na construção dessa unidade em torno de seu nome.
No entanto, alguns acontecimentos geram dúvidas sobre a real consolidação desse entendimento. Desde a eleição da Assembleia Legislativa, logo após a posse do governador Brandão, até outros episódios que intensificaram esse clima de incerteza. Um ponto que foge à lógica é o fato de que Felipe Camarão, que ocupava a Secretaria de Educação — uma das pastas de maior alcance no estado —, foi retirado do cargo pelo atual governador. Se ele é o sucessor natural, por que ainda não foi oficialmente anunciado como pré-candidato?
Isso nos leva a outra reflexão: se sua candidatura for apresentada apenas em abril do próximo ano, haverá tempo suficiente para consolidar seu nome junto ao eleitorado? Como ficarão os deputados de mandato nesse processo, considerando que muitos nomes fortes, que atualmente ocupam cargos estratégicos no governo do estado, disputarão as eleições proporcionais? Esse cenário representa um risco real para os parlamentares que buscam a reeleição, uma vez que o peso da máquina estadual pode favorecer esses novos postulantes.
Essa equação, na minha visão, só se resolve com um anúncio claro e imediato de Felipe Camarão como o candidato do grupo, dando a ele um papel de destaque na estrutura do governo. Caso contrário, sua projeção poderá ser comprometida, especialmente em um cenário político onde a opinião do eleitor muda rapidamente, e um único fato pode redefinir os rumos da eleição e, consequentemente, o resultado final.
Pergunta- E sua posição política na eleição estadual, existe alguma possibilidade do senhor vir a compor com o grupo do governador em caso do senador Weverton Rocha ser o candidato ao senado numa composição com Carlos Brandão?
Luciano Leitoa – O senador Weverton tem se mostrado um articulador habilidoso em Brasília, consolidando sua posição na base de apoio do presidente Lula. Além disso, o PDT nacional mantém uma aliança com o PT, o que fortalece ainda mais essa relação. No Maranhão, Felipe Camarão é o nome do PT para a disputa ao governo, e Weverton tem realizado movimentos estratégicos para consolidar essa união em torno de sua candidatura.
Entretanto, prefiro aguardar para ver se, de fato, o atual governador deixará o cargo para concorrer ao Senado. Caso isso se confirme, será interessante observar como as alianças políticas se reorganizarão diante desse novo cenário.
Vale lembrar que, em 2026, teremos duas vagas para o Senado em disputa, o que certamente tornará o processo ainda mais competitivo e estratégico.
No âmbito local, minha posição está diretamente ligada a uma questão fundamental, que acredito que também seja uma expectativa da população: a segurança pública. O governador precisa encarar de frente dois problemas urgentes que afetam nossa cidade: a precariedade da saúde pública, que tem deixado muito a desejar, e o avanço da criminalidade.
Em Timon, os índices de violência são alarmantes. A cidade registra homicídios todos os meses, e a guerra entre facções, assim como o aumento dos assaltos, tem deixado a população cada vez mais refém do medo. É preciso que Timon seja vista não apenas como um município de quase 200 mil habitantes, mas como parte da região metropolitana, o que exige políticas públicas de segurança mais robustas e eficazes.
Até o momento, não temos observado ações efetivas no combate à violência e ao crime organizado, que têm aterrorizado os timonenses. A segurança pública é, sem dúvida, o tema que mais preocupa a população. As pessoas vivem amedrontadas, os assassinatos ocorrem a plena luz do dia, muitas vezes por motivos banais, e ainda não há uma resposta concreta e eficaz do poder público.
O enfrentamento dessa realidade exige mais do que discursos: é necessário um trabalho de inteligência, infraestrutura adequada e, principalmente, valorização e suporte aos profissionais da segurança pública. Sem uma política eficiente, que una tecnologia, estratégia e comprometimento, a violência continuará crescendo e comprometendo a qualidade de vida dos cidadãos.
Diante desse cenário, o único apoio certo que eu pessoalmente tenho para senador ,as eleições de 2026 é para o senador Weverton Rocha. Seu trabalho e sua articulação política demonstram comprometimento com o Maranhão e com pautas essenciais para o estado.
Pergunta – Dos nomes postos até o momento, quem o senhor acha que pode surpreender nas oposições com uma candidatura a governador competitiva contra o grupo do governador ?
Luciano Leitoa – Com toda certeza, o atual prefeito de São Luís, caso tenha disposição para ser candidato, terá um papel relevante. Ele foi reeleito com 70% dos votos, enfrentando o governo do estado. São Luís tem hoje mais de um milhão de habitantes, e a região metropolitana deverá chegar a quase 2 milhões em 2026.
Nas últimas eleições estaduais, a disputa não foi para o segundo turno por menos de 0,5% dos votos. Além disso, as urnas trouxeram uma surpresa: o ex-prefeito de São Pedro dos Crentes, Lahesio Bonfim, cuja cidade tem aproximadamente 6 mil habitantes, obteve quase 25% dos votos, ficando em segundo lugar.
Dentro dessa análise, a candidatura do atual prefeito de São Luís teria uma capilaridade ainda maior, especialmente devido à sua aprovação na gestão. Uma pesquisa nacional recente o colocou em 5º lugar entre os prefeitos mais bem avaliados do Brasil, empatado com João Campos, prefeito do Recife.
Se analisarmos nossa região, em cidades importantes como Timon, Caxias e Codó, o governador Brandão teve menos votos do que a soma dos demais candidatos. Vejamos alguns exemplos:
• Timon: Brandão teve cerca de 48% dos votos, enquanto a soma dos outros candidatos chegou a 52%.
• Caxias: Brandão teve 47%, contra 53% da soma dos demais.
• Codó: Brandão teve 49%, enquanto os outros somaram 51%.
As eleições de 2026 serão uma verdadeira caixinha de surpresas, dependendo do cumprimento dos acordos por parte do governador Brandão e da disposição do prefeito Braide. Muitas mudanças podem ocorrer até lá.
Pergunta – Em relação ao grupo Leitoa, em Timon, após as eleições do ano passado, o grupo saiu muito fragilizado e tem muita gente apostando que dificilmente será reconstruído e fortalecido. O que o senhor tem a dizer sobre estas análises?
Luciano Leitoa – Se analisarmos as eleições de 2020 até 2024, veremos que, em 2020, havia três candidaturas em Timon: Dinair, Socorro Waquim e o Comandante Schneider. Socorro Waquim teve 16 mil votos, e o Comandante Schneider obteve cerca de 34 mil votos, somando aproximadamente 50 mil votos.
O prefeito Rafael, que antes criticava duramente Socorro e chegou a chamar Schneider de miliciano, acabou se aliando a ele. Em tese, essa união deveria garantir, no mínimo, os 50 mil votos somados na eleição anterior. No entanto, quando as urnas foram abertas, Rafael teve 44% dos votos, o que significa que 56% da população não votaram nele, mesmo contando com o apoio do governo do estado e com a atuação da Polícia Militar no processo eleitoral.
Após as eleições, muitos observam apenas o momento atual, e é natural que mudanças ocorram. No entanto, a política é como nuvens: os cenários mudam rapidamente, e reviravoltas inesperadas acontecem. Exemplos claros disso são a volta de Lula à presidência, a ascensão de Silvio Mendes no Piauí e o retorno de Mão Santa ao cenário político anos atrás.
Diante disso, é esperado que nossos adversários reforcem a ideia de que o grupo está fragilizado, assim como aqueles que mudaram de postura para justificar suas escolhas. É compreensível que pessoas sem emprego ou renda busquem alternativas para sobreviver.
No entanto, eu faço política por convicção e continuarei mantendo meus princípios. Acredito que a boa política é o melhor caminho, independentemente dos resultados eleitorais. Minha consciência é minha tranquilidade, e meu caráter sempre foi inegociável.
Já ocupei mandatos como deputado federal e estadual, e, quando fui eleito prefeito em 2012, mesmo com Roseana Sarney no governo, mantive minha posição na oposição. Em 2014, fui um dos poucos prefeitos no exercício do mandato que apoiou Flávio Dino quando ele se tornou governador pela primeira vez e quando Jackson Lago foi eleito governador,em 2006, não tínhamos mandato . Sempre mantive minha coerência, com ou sem mandatos .
Pergunta – O grupo Leitoa terá candidatura para deputado estadual de Timon? E se tiver, quem será?
Luciano Leitoa – As eleições que se aproximam serão decisivas para o Maranhão, com disputas para o Governo do Estado, duas vagas ao Senado e as eleições proporcionais.
Em relação ao nosso grupo, reafirmo nosso apoio a Juscelino Filho para deputado federal e ao senador Weverton Rocha. Ambos demonstraram compromisso com Timon e o Maranhão, e nosso grupo tem gratidão por tudo o que fizeram. Para aqueles que prezam pela coerência e pela lealdade, esse apoio não poderia ser diferente.
Quanto à segunda vaga para o Senado, essa definição será feita no momento adequado, com diálogo e estratégia. Já a candidatura para deputado estadual será uma discussão interna do grupo no tempo certo. Este é um momento de união, e tenho conversado com a ex-prefeita Dinair para que, no momento oportuno, possamos tratar dessas definições.
Até lá, seguimos firmes, torcendo para que muitos companheiros que têm enfrentado desafios alcancem a superação. A política tem seus ciclos, e precisamos seguir com maturidade e responsabilidade.
Pergunta – Que avaliação o ex-prefeito Luciano Leitoa faz desses primeiros dias da gestão do atual prefeito e ex-deputado Rafael de Brito à frente da prefeitura de Timon?
Luciano Leitoa – Ainda é cedo para qualquer avaliação definitiva ou juízo de valor. No entanto, com a experiência que tenho, acredito ser importante fazer algumas observações com responsabilidade. Um ponto essencial é a educação. O atual prefeito, Rafael, tem o compromisso de manter a qualidade do ensino, e essa é uma preocupação legítima para qualquer gestor. Foi justamente por isso que recentemente fiz uma declaração sobre o tema, destacando essa questão em uma nota no meu Instagram.
Sei que a administração pública é desafiadora, e que o início de qualquer gestão exige tempo para compreender a máquina e colocar projetos em prática. Por isso, sempre que for necessário, como cidadão e morador da cidade, expressarei minha opinião. Afinal, um debate saudável deve ser visto como parte do processo democrático, e não como uma questão pessoal.
Tenho ciência de que há aqueles que reagem a qualquer posicionamento que faço, tentando transformar reflexões legítimas em ataques políticos. Mas nunca me intimidei com esse tipo de postura. Acredito que, neste momento, o mais importante é que cada um cumpra seu papel com seriedade e compromisso.
Sinceramente, torço para que o prefeito Rafael faça uma boa gestão, porque quando a cidade avança, todos ganham. Ainda é cedo para julgamentos, e espero que, nos primeiros 100 dias, ele consiga cumprir boa parte das promessas feitas à população. Afinal, mais do que política, o que está em jogo é o bem-estar de Timon e de quem vive aqui.
(Elias Lacerda)
Respostas de 2
Camarão se tiver caro, não compre e JAMAIS VOTE …BRAIDE GOVERNADOR e ponto final.
É claro que o péssimo governador Brandão não vai apoiar Felipe Camarão. Então sendo assim eu prefiro o Braide.