O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai fazer a primeira reunião ministerial do ano na manhã desta segunda-feira. O encontro começa às 9h e não tem hora para acabar. É o único compromisso oficial da agenda do presidente.
A reunião acontece após sucessivos reveses para o governo, como a piora nos índices de aprovação e desgastes causados por falas do presidente sobre o conflito entre Israel e Palestina e ações consideradas intervencionistas na Petrobras e na Vale.
Como mostrou O GLOBO, Lula deve usar a reunião para cobrar de seus auxiliares que usem suas atuações nas pastas para trazer resultados positivos para o governo. Ministros dizem que o presidente tem demonstrado cada vez mais impaciência em apresentar entregas e vai cobrar dos ministros resultados de programas que já foram anunciados.
Lula vai cobrar dos integrantes do governo mais empenho na comunicação das ações do Executivo. O presidente quer ver ministros de todas as áreas rodando o Brasil, dando entrevistas e ocupando espaços de mídia em geral para divulgar ações consideradas positivas. Há uma avaliação entre auxiliares que esse movimento poderia ajudar a contrabalançar repercussões negativas de falas do presidente, que também acabam afetando sua popularidade. O presidente, por exemplo, comparou a ofensiva israelense na Faixa de Gaza ao Holocausto — extermínio de judeus na Segunda Guerra Mundial.
Os ministros também devem ser cobrados a explorar melhor o canal direto que têm com eleitores por meio dos seus perfis pessoais nas redes sociais e a não se restringirem a assuntos de suas respectivas áreas. Em viagens, por exemplo, falar das pautas do governo de forma abrangente.
Desde o segundo semestre do ano passado, os ministros têm recebido informações sobre ações do governo no estado para onde viajarão e são orientados a falar em defesa de Lula. Ministros do Planalto, no entanto, entendem que essa estratégia não está funcionando e que parte do primeiro escalão não tem conseguido propagar feitos da sua área e do governo.
Levantamento realizado pela Genial/Quaest divulgado no dia 6 de março aponta que avaliação positiva do petista chegou a seu nível mais baixo neste terceiro mandato, sobretudo entre os evangélicos, grupo que costuma estar mais próximo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A desaprovação de Lula passou de 43% em dezembro para 46% e a aprovação recuou de 54% para 51%; entre o segmento religioso, os que desaprovam saltaram de 56% para 62% e os que aprovam despencaram de 41% para 35%. Lula tenta agora reverter esse quadro.
No mesmo dia que a pesquisa foi divulgada, Lula promoveu uma confraternização com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e outros senadores no Palácio da Alvorada. No encontro, o petista ouviu que não basta que o governo se preocupe em ter uma boa condução da economia, mas também é preciso uma preocupação com uma comunicação efetiva das ações positivas.