O deputado federal Márcio Jerry (PCdoB) criticou, nesta terça-feira (21), a denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF), em Brasília, contra o jornalista Glenn Greenwald, do site The Intercept Brasil, que mesmo sem ter sido investigado ou indiciado acabou denunciado por associação criminosa na “Operação Spoofing”. A ação investiga invasões de celulares de autoridades como do ministro Sergio Moro e do procurador Deltan Dallagnol, integrantes da força-tarefa da Operação Lava Jato.
“Essa denúncia do MPF em Brasília não atinge só o Glenn Greenwald. Agride frontalmente a liberdade de imprensa. Mais um absurdo nesse enredo de abusos autoritários. Nosso repúdio!”, afirmou o parlamentar do Maranhão.
As mensagens privadas via Telegram das autoridades recebidas por Greenwald originaram uma série de reportagens feitas pelo The Intercept, Folha de S.Paulo, El País, Bandnews FM, Veja, BuzzFeed News, Agência Pública e UOL, revelando a proximidade entre Moro, então juiz da Lava Jato, e os procuradores da operação. As revelações puseram em xeque a imparcialidade da operação e foram consideradas um divisor de água para entender os rumos políticos do país nos últimos anos.
Desde o início dos vazamentos, o jornalista sempre rejeitou ter auxiliado de qualquer forma os hackeamentos, citando o direito constitucional de sigilo de fonte. Nesta terça, em nota enviada à Folha de S. Paulo, declarou: “Há menos de dois meses, a Polícia Federal, examinando todas as mesmas evidências citadas pelo Ministério Público, declarou explicitamente que não apenas nunca cometi nenhum crime, mas também exerci extrema cautela como jornalista, nem cheguei de qualquer participação. Até a Polícia Federal, sob o comando do ministro Moro, disse o que está claro para qualquer pessoa: eu não fiz nada além do meu trabalho como jornalista – eticamente e dentro da lei. O Governo Bolsonaro e o movimento que o apoia deixaram repetidamente claro que não acreditam em liberdade de imprensa”, disse. Segundo o El Pais, os advogados de Greenwald afirmaram que vão tomar as medidas cabíveis e que pretendem acionar a Associação Brasileira de Imprensa.