
O indígena Aurá, considerado o último sobrevivente de um povo de etnia desconhecida que habitava o estado do Maranhão, morreu no último sábado, aos 77 anos, no município de Zé Doca, em decorrência de insuficiência cardíaca e respiratória.
Avistado pela primeira vez em 1987, junto do irmão Auré, Aurá pertencia a um grupo cuja língua é possivelmente ligada à família Tupi-Guarani. Ao longo dos anos, os dois viveram em contato intermitente com diferentes povos indígenas – como Parakanã, Assurini, Tembé e Awá-Guajá – em tentativas de reintegração social conduzidas pela Funai.
Apesar das aproximações, os irmãos sempre recusaram a comunicação com outros grupos, mantendo-se fiéis à própria língua e aos seus costumes.
Após a morte de Auré, em 2014, Aurá passou a viver sozinho na aldeia Cocal, localizada na Terra Indígena Alto Turiaçu, no Maranhão. Ele recebia acompanhamento de equipes do Distrito Sanitário Especial Indígena do Maranhão, ligado ao Ministério da Saúde, e da Frente de Proteção Etnoambiental Awá, unidade da Funai especializada na proteção de indígenas isolados e de recente contato.
Segundo o coordenador-geral de Indígenas Isolados e de Recente Contato da Funai, Marco Aurélio Milken Tosta, o falecimento de Aurá marca o fim de uma trajetória de resistência de um povo possivelmente extinto:
— O falecimento de Aurá, assim como o recente falecimento do indígena Tanaru, serve como um alerta para a fragilidade dos povos originários e a urgência da implementação de políticas de proteção territorial e cultural. (O Globo)