• Pesquisa Ipec: confiança em Lula já está em empate técnico com desconfiança; avaliação volta a oscilar para baixo e chega a 37% de ‘ótimo’ e ‘bom’. Veja os números

    Resultados da nova pesquisa Ipec contratada pelo GLOBO mostram que hoje há um empate técnico, no limite da margem de erro de dois pontos percentuais, entre os brasileiros que confiam (50%) e os que não confiam (46%) no presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A distância entre um grupo e o outro passou de dez pontos percentuais em março para quatro no levantamento de agora, que foi às ruas entre os dias 1° e 5 de junho.

    O grupo que declara ter maior confiança em Lula é o de baixa renda (59%), que ganha até um salário mínimo. Como é de se esperar, os que mais desconfiam do presidente são os eleitores que votaram em Bolsonaro no segundo turno das eleições (82%).

    Há ceticismo maior também entre os evangélicos (57%), segmento que recebeu poucos acenos de Lula desde que assumiu o cargo, em janeiro. Nesta semana, o presidente recusou convite para ir à Marcha para Jesus, tradicional evento religioso. Para representá-lo, enviou dois aliados evangélicos: a deputada Benedita da Silva (PT) e o advogado-geral da União, Jorge Messias.

    Os moradores do Sul do país também desconfiam mais do presidente do que a média nacional (55%). Contribui para isso o fato de a região ser administrada por governadores da oposição: Ratinho Jr (Paraná), Jorginho Mello (Santa Catarina) e Eduardo Leite (Rio Grande do Sul).

    No período entre a primeira pesquisa do governo Lula 3 e a mais recente, o petista enfrentou dificuldades na relação com o Congresso e viu o Ministério do Meio Ambiente, uma das bandeiras de sua campanha, ser enfraquecido por decisão dos parlamentares. O presidente também enfrentou críticas recentes por sua aproximação com o líder venezuelano, Nicolás Maduro, e por declarações relativizando o autoritarismo no país vizinho e atribuindo a “narrativas” denúncias de restrições às liberdades individuais e coletivas na Venezuela.

    A CEO do Ipec, Márcia Cavallari, porém, minimiza o peso de questões isoladas da relação do presidente com o Congresso ou com os seus ministros nos resultados do levantamento. Segundo ela, os eleitores avaliam o conjunto da obra.

    — A pergunta mede a confiança que o eleitor tem no presidente Lula para cumprir o que prometeu na campanha. Não depende da relação dele com os outros — afirma.

    O presidente conseguiu tirar do papel promessas como a manutenção do Bolsa Família com acréscimo de R$ 150 por filho, o reajuste da merenda escolar e do salário mínimo acima da inflação. Mas não conseguiu ainda zerar o imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil. Embora tenha assinado a medida provisória que cria o programa Desenrola Brasil nesta semana, a iniciativa para negociar as dívidas das famílias só começará a funcionar em julho.

    Avaliação do governo Lula

    Resultados da nova pesquisa Ipec/O GLOBO revelam que a aprovação ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva oscilou para baixo. O grupo que classifica a administração do petista como “boa” ou “ótima” passou de 39% para 37% em relação a abril. Já as avaliações “ruim” ou “péssima” variaram na direção oposta, saindo de 26% para 28%. Os que consideram a gestão “regular” eram 30%, e agora totalizam 32%.

    No Nordeste, única região onde Lula teve mais votos que Jair Bolsonaro no segundo turno das eleições, a taxa de aprovação ao governo recuou de 55% para 45% desde abril. Ainda assim, os moradores da região permanecem como o segmento que mais avalia a gestão Lula 3 como “boa” ou “ótima”. O maior percentual de avaliações “ruim” ou “péssima” foi registrado nas regiões Norte e Centro-Oeste: 33% — eram 21% há dois meses.

    O eleitorado mais pobre, que vive mensalmente com até um salário mínimo, é o que mais aprova o governo Lula (43%), mas também nesse nicho houve variação negativa: eram 53% em abril. Na parcela mais rica da amostra, com ganhos acima de cinco salários mínimos por mês, o percentual de “bom” e “ótimo” trilhou o caminho oposto: oscilou de 30% para 36%.

    A pesquisa Ipec/OGLOBO mostra ainda que 53% aprovam a maneira como Lula está governando o país, enquanto 40% desaprovam.

    Diferentemente da avaliação do governo, a pergunta é dicotômica: só permite que o entrevistado diga se aprova ou desaprova, dando menos margem para aqueles que estão em cima do muro. As opiniões podem não estar tão claras quanto na escala de “ótimo” até “péssimo”, mas exibem as propensões do eleitorado neste momento.

    A aprovação de Lula oscilou quatro pontos percentuais desde março, quando 57% diziam aprovar o jeito que o petista administra o país. Já a desaprovação aumentou: foram cinco pontos, passando de 35% para 40% em três meses. Aqueles que não sabem ou não quiseram responder somam agora 7%.

    O Ipec entrevistou presencialmente 2.000 brasileiros acima de 16 anos entre 1° e 5 de junho, em 127 municípios. A margem de erro do estudo é estimada em dois pontos percentuais para mais ou menos, para um nível de confiança de 95%. (O Globo)

    Deixe uma resposta