A ponte na divisa entre Tocantins e Maranhão que desabou na tarde de domingo apresentava sinais de que precisaria passar por manutenção. É o que aponta Vinicius Marchese, presidente do Conselho Federal dos Engenheiros e Arquitetos (Confea). Ao menos uma pessoa morreu e 15 estão desaparecidas após a queda da estrutura.
— O fator exato que levou a ponte a colapsar só será conhecido após uma perícia técnica. Entretanto, temos equipes no local e era evidente que a estrutura da ponte tinha sinais visuais que mostravam a necessidade de manutenção e de uma investigação para explicar o motivo daquilo. Era preciso ter atenção — aponta.
Marchese destaca a necessidade de uma política nacional de inspeção periódica para fiscalização destes equipamentos públicos.
— O bom acompanhamento das estruturas beneficia a economia e a preservação da vida. Se comprovada a falta de manutenção, a negligência terá provocado o estrago visto neste domingo.
Segundo o presidente do Confea, foram abertos processos administrativos pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea) de cada um dos estados para questionar autoridades responsáveis pelo equipamento sobre a ocorrência de manutenção periódica.
— Já temos fiscais dos dois Creas no local, levantando as informações necessárias para uma análise detalhada da situação. Estamos também em contato com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), fazendo uma série de perguntas técnicas sobre a obra, como histórico de manutenção e intervenções realizadas.
Vídeo flagra desabamento
O vereador eleito por Aguiarnópolis Elias Junior (PRB-TO) gravava um vídeo perto da ponte quando foi surpreendido ao perceber o início do colapso da construção.
“Vou mostrar para vocês, quero que esse vídeo chegue até as autoridades competentes, […] deputados federais, senadores. Essa ponte já tem mais de 60 anos de existência, e, como vocês podem ver através das redes sociais, o noticiário tem mostrado bastante […] a ponte não está mais suportando o grande fluxo de veículos pesados que passam por aqui”, explica o Junior.
Em seguida, ele começa a mostrar rachaduras no solo, justamente no momento em que a pessoa que filmava nota a abertura de uma fenda na construção, começa a correr e pede que o vereador faça o mesmo. A gravação é interrompida no momento em que uma fenda já está aberta na ponte, mas sem ela ainda ter cedido por completo.
Segundo relatos de testemunhas que viram o momento do desabamento, entre 100 e 150 metros da construção ruíram e caíram no Rio Tocantins. Ao menos uma carreta passava pelo local e caiu sobre o curso de água.