Após ao menos cinco procedimentos cirúrgicos no intestino com cirurgião Antonio Macedo em São Paulo, o ex-presidente Jair Bolsonaro trocou de médico para a cirurgia que realizou no domingo (13/4).
O procedimento foi realizado no hospital DF STar, em Brasília, e foi coordenado pelo cirurgião Cláudio Birolini, diretor do Serviço de Cirurgia Geral Eletiva do Hospital das Clínicas de São Paulo.
Segundo integrantes do clã Bolsonaro, a decisão de trocar o médico foi da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho mais velho do ex-presidente da República.
Um dos motivos estaria relacionado à ex-deputada federal Amália Barros (PL-MT), que morreu em 2024 após uma série de cirurgias para tirar um nódulo benigno no pâncreas feitas por Macedo.
Amália tinha um nódulo benigno no pâncreas, mas sofreu um sangramento no fígado durante a primeira cirurgia. Depois disso, ela ainda foi submetida a mais três operações para tentar controlar a intercorrência, que ocorre em menos de 1% dos pacientes com quadro semelhante. Mas faleceu durante a última operação.
“Não é nada pessoal contra o doutor Macedo, mas ela resolveu fazer uma tentativa com outro médico”, alegou um interlocutor da primeira-dama, citando ainda o fato de que Bolsonaro já fez com o próprio Macedo cinco cirurgias para tentar conter os efeitos colaterais da facada.
O cirurgião chegou a ser contatado pelo ex-ministro Gilson Machado na madrugada da sexta-feira (11/4), quando Bolsonaro começou a sentir fortes dores abdominais no Rio Grande do Norte.
Macedo instruiu o ex-ministro, que é médico veterinário, a dar alguns remédios a Bolsonaro e se colocou à disposição para viajar a Natal para operar Bolsonaro lá. Michelle e Flávio, contudo, optaram por outro médico.
Problema de Bolsonaro não está 100% resolvido
Durante uma coletiva de imprensa realizada nesta segunda-feira (14/4), o médico-chefe da equipe cirúrgica do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Claudio Birolini — responsável pela operação realizada no último sábado (12/4) —, afirmou que o problema não foi 100% resolvido e que “novas aderências vão se formar”.
“As aderências vão se formar, isso aí é inevitável. Um paciente que tem um abdômen hostil, por mais que você solte tudo, essas aderências vão se formar”, informou Birolini em entrevista no Hospital DF Star, em Brasília.
Nesse domingo (13/4), o ex-presidente foi submetido a uma cirurgia que durou 12 horas. O procedimento médico começou às 10h e teve como objetivo liberar aderências intestinais e reconstruir a parede abdominal.
De acordo com o médico-chefe, não é possível dizer que o problema do ex-presidente está resolvido. “No pós-operatório imediato, essas aderências vão se formar, e isso faz com que a recuperação, nesses próximos dias, seja um pouquinho mais lenta, e a gente não tenha nenhuma intenção em acelerar isso daí”, analisou o profissional.
Claudio Birolini também afirmou que a situação do ex-presidente é “complexa” devido à parede abdominal bastante “danificada”.
O médico também destacou que, em um futuro médio ou longo prazo, realmente podem surgir as chamadas “aderências bridas”, e que cada caso será analisado de forma individualizada.
Aderências bridas são estruturas fibrosas de tecido que geralmente se formam após uma cirurgia ou inflamação abdominal. Esses tecidos de cicatrização podem unir diferentes órgãos da cavidade abdominal.
Leandro Echenique, médico cardiologista, classificou a cirurgia de Bolsonaro como “extremamente complexa”.
“Tinha muita aderência (no intestino), mas o resultado foi excelente”, disse. “Não houve complicação, e todas as medidas preventivas serão tomadas”, completou.
A equipe médica responsável pela cirurgia do ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou que o resultado da intervenção foi satisfatório, mas que não há ainda uma previsão de saída da Unidade de Terapia Intensiva (UTI). A expectativa no geral é de uma internação hospitalar de pelo menos duas semanas. O ex-presidente está se alimentando por via intravenosa no momento, está acordado e “consciente”, segundo os médicos.
— Expectativa é que Bolsonaro tenha uma vida sem restrições, mas o pós-operatório deve durar de dois a três meses. Nossa expectativa é que ele fique pelo menos duas semanas internado. É uma previsão que será reavaliada com a evolução — disse o médico Cláudio Birolini, chefe da equipe.
Ele acrescentou que cirurgia foi necessária porque a distensão no abdomen de Bolsonaro não cedia.
— A grosso modo, o abdomen dele é um ambiente hostil, pelas cirurgias prévias e a facada recebida. Para se ter ideia, foram necessárias duas horas de cirurgia só para acessar a parede abdominal dele. O intestino estava sofrido, o que nos leva a crer que ele já estava com este quadro há meses. Isto contribuiu para a decisão de intervenção cirúrgica. Esperamos que ele não precise de uma nova cirurgia nas próximas horas. Novas aderências vão se formar, isto é esperado — acrescentou Birolini.
Outro integrante da equipe médica, o cardiologista Leandro Echenique evitou falar sobre uma previsão de alta hospitalar e informou ainda que não há “sequer previsão de Bolsonaro sair da UTI”. Em post nas redes sociais na madrugada, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro havia afirmado que ele tinha seguido para o quarto. Os médicos explicaram que ela quis se referir ao fato de Bolsonaro ter deixado o centro cirúrgico e ido para o quarto da UTI.
— A cirurgia foi extremamente complicada, havia muitas aderências. O procedimento terminou muito bem, com resultado excelente — disse Echenique. — É claro que isto implica com alguns cuidados de pós-operatório, que será acompanhado nos próximos dias. Não houve complicação, era um procedimento complexo. O organismo do paciente tem uma resposta inflamatória, é comum, e pode levar a intercorrências, como infecções e aumento de pressão. Ele precisa de medidas específicas pelo aumento do risco de trombose. Vai ser um pós-operatório delicado e prolongado. Não há qualquer previsão de alta.
Uma das preocupações da equipe é com a agenda atribulada do presidente, que costuma viajar o país em compromissos políticos.
— O presidente tem uma agenda muito extensa, é difícil segurá-lo para viagens. Tentaremos segurar enquanto pudermos para a recuperação — disse Birolini.