Um repórter do Maranhão foi personagem principal na decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) de suspender uma megacontratação de R$ 197 milhões do governo Lula para gestão de redes sociais.
Em abril, o repórter Wilson Lima – nascido aqui e que começou carreira em O Imparcial e passou pelo finado jornal O Estado do Maranhão e hoje é chefe da sucursal de Brasília do portal de política O Antagonista – revelou, com um dia de antecedência, os vencedores de uma licitação da Secretaria de Comunicação do governo Lula. Em teoria, o resultado somente deveria ser conhecido no dia seguinte.
Em mensagem cifrada no X – antigo Twitter – o jornalista maranhense divulgou o nome das vencedoras da licitação. A mensagem era essa: “PP = AD+M+BRplus+US”. PP significava Paulo Pimenta, então ministro-chefe da Secom. AD é Área Comunicação; M é Moringa, BRPlus é BR Mais comunicação e US é Usina Digital.
Com a abertura dos envelopes, se confirmou exatamente aquilo que o repórter havia escrito. As vencedoras da licitação foram Moringa, BR Mais Comunicação, Área Comunicação e Usina Digital. A Moringa teve 91,34 pontos; a BR 91,17 pontos, a Area 89 pontos e Usina 88,16 pontos. Depois que o resultado foi divulgado, houve a desqualificação de Moringa e a Área Digital por falhas documentais.
O vazamento antecipado da licitação do governo Lula apresentou vários indícios de que houve direcionamento dos vencedores. A oposição ao governo Lula apresentou requerimentos de convocação do então ministro da Secom, Paulo Pimenta, e pedidos de investigação junto ao TCU.
O Ministério Público entrou na história e pediu a suspensão do certame para preservar o princípio da isonomia na contratação. Nesta quarta-feira, 10, o TCU decidiu suspender a licitação. O ministro relator do caso, Aroldo Cedraz, alegou em sua decisão que a antecipação do resultado da megalicitação –apontada por este site — é um fato de “extrema gravidade”.
Esse não foi o primeiro grande furo do colega, que está radicado em Brasília há dez anos. Ele também foi o responsável por revelar ligações suspeitas do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) com milicianos em plena campanha eleitoral e por mostrar a todo o Brasil que ministros do STF estavam comprando lagostas para jantares no STF.
Uma resposta
Lisura em licitações não existe nem em prefeituras. O maior problema do Brasil é naturalizar a corrupção sob a desculpa do “ele rouba, mas faz”.