• Sob pressão do PP para deixar Ministério do Esporte, Fufuca repete Sabino e viaja com Lula ao MA

    Pressionado pelo próprio partido a deixar o governo, o ministro do Esporte e deputado federal licenciado, André Fufuca (PP-MA), vai acompanhar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta segunda-feira em evento que ocorre em Imperatriz, no Maranhão. Os dois participam da entrega de 2,8 mil unidades do programa Minha Casa, Minha Vida e devem assinar a ordem de serviço para a construção de uma Arena Brasil, obra do Novo PAC Seleções.

    A presença de Fufuca ao lado do presidente ocorre em meio à ofensiva do PP, que determinou que todos os filiados entregassem seus cargos no governo até o último domingo. A cobrança partiu do presidente nacional da sigla, Ciro Nogueira, que chegou a ameaçar retirar o comando estadual do partido das mãos de Fufuca caso ele não se desligasse do ministério. Mesmo assim, o ministro decidiu manter a agenda, num gesto de resistência e também de proximidade com o Palácio do Planalto.

    Nos últimos dias, Fufuca intensificou sua movimentação política em Brasília. Esteve na Câmara na semana passada, durante a votação da reforma da ampliação da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, e ajudou o governo a articular votos da bancada do PP, mesmo sob o risco de desgaste interno. O gesto foi interpretado no Planalto como um sinal de lealdade num momento de turbulência com os partidos do Centrão.

    Entre integrantes do partido, a avaliação é que Fufuca tenta ganhar tempo e forçar uma saída menos conflituosa. Ele é um dos principais quadros do PP no Nordeste e mantém boa interlocução com o governo, relação que Lula teria interesse em preservar. Procurado, Fufuca não se manifestou.

    O impasse se tornou mais sensível porque o União Brasil, partido federado ao PP, vive situação similar: o ministro do Turismo, Celso Sabino, também decidiu permanecer no cargo, contrariando a decisão da sigla de desembarcar da Esplanada. Ele enfrenta um processo interno de expulsão.

    Nos dois casos, o cálculo é semelhante. Fufuca e Sabino apostam que Lula não fará substituições imediatas e contam com a dificuldade dos partidos em romper completamente com o governo, já que ainda mantêm parlamentares em diálogo direto com o Planalto. Ambos também miram as disputas eleitorais de 2026 — Fufuca no Maranhão e Sabino no Pará — e avaliam que uma saída abrupta agora poderia enfraquecê-los nos seus estados.

    Entre interlocutores do Planalto, há uma defesa de que o presidente evite alimentar o conflito e mantenha o ministro. A leitura é de que o governo precisa manter pontes com o Centrão, mesmo em meio à reorganização partidária. (O Globo)

    Deixe uma resposta