O PSB, partido do ministro da Justiça, Flávio Dino, pediu a abertura de processos disciplinares na Câmara e do Senado contra o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e outros cinco parlamentares bolsonaristas.
Todos eles insinuaram, em discursos e nas redes sociais, que Dino teria envolvimento com o crime organizado, após a visita do ministro ao Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio, na semana passada.
Na segunda-feira, o próprio Dino já havia acionado o STF por causa do mesmo episódio cobrando a investigação da conduta dos parlamentares.
Agora, o PSB reforçou a reação com o pedido de suspensão ou perda de mandato dos aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro com base na quebra do decoro parlamentar.
No último dia 13, Dino se encontrou com lideranças de favelas em visita ao Complexo da Maré. Após a visita à favela, parlamentares bolsonaristas foram às redes acusar o ministro da Justiça de se reunir com traficantes ou chefes de facções criminosas e de visitar a região sem escolta policial.
“O ministro Flávio Dino poderia compartilhar com nossos policiais do Rio qual a mágica para entrar num local, com presença de traficantes armados com fuzis, sem ser recebido a tiros”, escreveu Flávio Bolsonaro no Instagram.
“Atenção, policiais de todo o Rio de Janeiro: antes de sair do Batalhão não esqueça de pegar seu colete à prova de… quer dizer, sua máscara do Flávio Dino”, prosseguiu Flávio Bolsonaro.
No Twitter, Eduardo Bolsonaro ecoou o discurso do irmão: “Flávio Dino, o ministro que entra na Maré, complexo de favelas mais armado do Rio, com apenas 2 carros e sem trocar tiros. Vamos convocá-lo na Com. (Comissão) Segurança Pública para explicar o nível de envolvimento dele e seu chefe, Lula, com o crime organizado carioca. Isto é um absurdo!”
Ao contrário do que alegam os bolsonaristas, Dino não foi à favela sozinho, e sim com o suporte das polícias militar, civil, federal, Rodoviária Federal e do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro.
Ele estava a convite da ONG Redes da Maré para o lançamento da 7ª edição do Boletim Direito à Segurança Pública na Maré.
Além dos filhos do presidente Jair Bolsonaro, também são alvo das representações do PSB o senador Marcos do Val (Podemos-ES) e os deputados Carlos Jordy (PL-RJ), Delegado Paulo Bilynskyj (PL-SP), Otoni Moura Junior (MDB-RJ) e Cabo Gilberto Silva (PL-PB).
Jordy subiu à tribuna da Câmara para dizer que o ministro foi à região “como se estivesse com amigos”.
Nas duas representações, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, e o advogado do partido Rafael Carneiro, sustentam que as publicações dos bolsonaristas, “além de tentarem ferir a honra e imputar o cometimento de crime ao Ministro de Estado da Justiça e Segurança Pública, estão carregadas de preconceito contra as camadas menos abastadas da sociedade, especialmente as favelas e demais periferias urbanas, que são frequentemente alcançadas pela discriminação e racismo, razões pelas quais há necessidade de apuração da quebra de decoro parlamentar”.
Os aliados de Dino dizem ainda que “a imunidade parlamentar não pode ser usada como verdadeiro escudo protetivo para a prática de atividades ilícitas, ainda mais quando contrárias à ordem constitucional, ao Estado Democrático e aos direitos e garantias fundamentais.” (O Globo)