A ala do PSL ligada ao presidente Jair Bolsonaro deflagrou nova guerra de listas para a liderança do PSL na Câmara ao apresentar uma terceira lista à Secretaria Geral da Mesa para manter Eduardo Bolsonaro (SP) na liderança do PSL na Casa. Se as assinaturas forem confirmadas, ela vai se sobrepor à segunda relação, que pedia para o Delegado Waldir (GO) retomar o posto. Para o jurídico da Câmara, a liderança é definida pela lista mais recente.
A guerra de listas começou na quarta-feira da semana passada quando o grupo pró-Bolsonaro tentou emplacar Eduardo Bolsonaro na liderança do PSL. Naquele dia, três relações foram analisadas, e Waldir conseguiu se manter no posto. Desde então, os dois grupos recolhem assinaturas de apoio para os dois lados. Segundo o regimento, essas assinaturas precisam ser originais.
Na manhã desta segunda-feira, o grupo pró Eduardo apresentou uma lista com 29 apoiamentos. Delas, 28 foram conferidas como autênticas. Só uma rejeitada. Em seguida, o grupo pró Waldir apresentou nova relação endossada por 28 deputados. A Secretaria Geral da Câmara ainda não conferiu essa lista.
Na tarde desta segunda-feira, o grupo de apoio a Eduardo apresentou a terceira, com 29 assinaturas. Além disso, a ala bolsonarista diz que os deputados federais Eneias Reis (MG), Marcelo Brum (RS), Daniel Freitas (SC) e Leo Motta (MG) entregaram um ofício à Secretaria Geral da Mesa dizendo que as assinaturas deles pró-Waldir não tem mais validades. Antes apoiadores de Bivar, agora eles apoiam Eduardo.
— Assim como eu, outros deputados, como o Léo Motta (MG), protocolaram um requerimento na Casa solicitando a retirada (da assinatura) antes dessa apresentação da lista do Waldir. Então, quando o deputado apresenta esse requerimento antes da apresentação da lista, o regimento diz que a assinatura vai estar invalidada na lista do Delegado Waldir. Hoje eu tenho uma garantia de dois nomes que não valerão nesta lista — disse Daniel Freitas (SC), em referência a ele próprio e a Léo Motta.
Novo apoiador de Eduardo, Marcelo Brum é suplente do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. Já Enéas substitui Marcelo Álvaro Antônio, que virou ministro do Turismo. A lista de apoio a Eduardo Bolsonaro também teve baixas. O deputado Professor Joziel (RJ) e Loester Trutis (MS) passaram a apoiar Waldir.
Após assumir o lugar de Delegado Waldir na liderança do partido, Eduardo Bolsonaro destituiu 12 vice-líderes . A maioria era alinhada a Luciano Bivar.
Saíram do cargo Charlles Evangelista (MG), Coronel Tadeu (SP), Daniel Silveira (RJ), Felício Laterça (RJ), Heitor Freire (CE), Joice Hasselmann (SP), Julian Lemos (PB), Júnior Bozzella (SP), Nelson Barbudo (MT), Nereu Crispim (RS), Nicoletti (RR) e Professora Dayane Pimentel (BA).
Sem acordo
Para o cargo de líder do partido, são necessárias 27 assinaturas, pois o partido tem 53 deputados. Parlamentares podem ter assinado mais de uma lista, como já ocorreu na semana passada. A Secretaria-Geral da Mesa ainda não fez a conferência das assinaturas das duas últimas listas.
Há ainda a possibilidade de suspender as atividades de cinco deputados pró-Bolsonaro. Após recuar da ideia de suspender imediatamente os parlamentares, que estão rachados com a direção do partido, o PSL abriu um processo contra eles e os notificou para que apresentassem suas defesas. Se os deputados forem suspensos, não poderão assinar uma nova lista em prol de Eduardo Bolsonaro. O processo pode ter efeito, portanto, na “guerra de listas” que divide a bancada.
Os deputados Carla Zambelli (SP), Alê Silva (MG), Filipe Barros (PR), Carlos Jordy (RJ) e Bibo Nunes (RS) entraram hoje com mandado de segurança preventivo no Supremo Tribunal Federal (STF) para impedir que tenham suas atividades parlamentares suspensas, como noticiou a colunista Bela Megale.
O grupo pró-Bivar acusa os bolsonaristas de quebrarem acordo por um terceiro nome para líder do partido. Segundo o deputado Júnior Bozzella (PSL-SP), o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, ligou para Bivar de manhã propondo um acordo para a indicação de um novo nome para a liderança fruto de consenso entre os dois grupos que vem duelando desde a semana passada. Na negociação, teria sido acordado que nenhuma ala apresentaria nova lista até que se chegasse ao novo nome. O ministro, no entanto, nega o acordo. PSL 17h 21/10. O Globo