• Após insatisfação de Duarte com Lula e o PT, presidente do PSB diz que o sentimento majoritário é de alegria

    As substituições no Ministério da Justiça deixaram feridas no PSB, que vai perder três secretarias além do comando da pasta, e não satisfizeram interesses de uma parte do PT que vinha fazendo críticas à condução da área da segurança pública na gestão do ministro Flávio Dino.

    Além de Dino, eleito senador pelo PSB, a sigla tem ainda os secretários Tadeu Alencar, de segurança pública, Elias Vaz, de assuntos legislativos, e Ricardo Cappelli, executivo. Nenhum deles será mantido na equipe do novo ministro, Ricardo Lewandowski.

    Entre os socialistas, o deputado Duarte Junior (MA) e o senador Jorge Kajuru (GO) foram os que expuseram publicamente as insatisfações com o desalojamento imposto ao partido. “O PSB com seus 80 anos de história não é um partido de barganha. Não é o PL de Valdemar Costa Neto”, disse Kajuru à reportagem.

    “Eu levei ao Padilha (ministro das Relações Institucionais) que não pode o ministro Lewandowski assumir um Ministério que estava indo tão bem, com uma equipe tão competente e demitir gente publicamente, como aconteceu com o Tadeu Alencar que foi demitido pela imprensa. Isso é um desrespeito total”, completou.

    O senador, que é vice-líder do governo e vice-presidente da comissão de Segurança Pública, depois amenizou as críticas dizendo que o PSB não vai romper com o governo por causa de trocas no secretariado.

    Para a cúpula do PSB, todas as queixas foram isoladas e nada muda na relação do partido com o governo. “Vamos apoiar o governo enquanto concordarmos com ele. Nosso apoio ao governo não tem nada a ver com esses cargos, nem com outros”, afirmou o presidente do PSB, Carlos Siqueira.

    “Cada um tem o direito de se expressar, foi o que fez o deputado Duarte, um grande nome da nossa bancada. Mas posso dizer que o sentimento majoritário é de alegria, por saber que temos quadros importantes que contribuíram com o ministério”, afirmou o líder da bancada do PSB na Câmara, deputado Gervásio Maia (PE).

    Principal aliado do atual ministro Flávio Dino na bancada do partido na Câmara, Duarte Jr.(MA) expôs a insatisfação em uma mensagem enviada ontem no grupo de WhatsApp do partido: o deputado chega a dizer que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tomou “mais uma decisão equivocada” ao abrir mão do secretário-executivo, Ricardo Cappelli.

    O parlamentar, que é pré-candidato à prefeitura de São Luís, afirmou que o presidente resolveu tirar o número 2 do Ministério da Justiça “mesmo depois de todo excelente, visível e resolutivo trabalho prestado”. “O pior é que ele (Lula) destacou que o novo ministro terá liberdade total para montar a sua equipe. Vamos lembrar que lá temos quatro secretários do PSB”, prosseguiu Duarte Jr.

    O deputado sugeriu que o líder do partido peça uma audiência com Lula, com o vice-presidente Geraldo Alckmin, e com o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, para defender a permanência dos integrantes dos partidos nos cargos. “Por fim, destaco que é mais um espaço tomado do PSB”, finalizou o aliado de Dino.

    Advogados querem manter influência no ministério

    A briga por espaço no secretariado de Lewandowski não se restringe aos partidos. O grupo Prerrogativas, formado por advogados progressistas, tenta emplacar dois de seus membros na nova equipe do Ministério.

    O nome da assessora especial de Dino, a advogada Sheila de Carvalho, foi sugerido para ocupar a Secretaria de Acesso à Justiça, que estava a cargo de Marivaldo Pereira (PSOL).

    A advogada criminalista Dora Cavalcanti é defendida na Secretaria Nacional de Justiça, que tem influência na definição de indicações para cargos no Poder Judiciário. Atualmente o órgão é gerido por Augusto Arruda Botelho. (Com o Estadão)

    Deixe uma resposta