Aliny Gama
Colaboração para o UOL, em Maceió
Dois índios da etnia Guajajara morreram e outros dois ficaram feridos na tarde de hoje. As informações são da Polícia Civil e foram confirmadas pela Secretaria de Segurança Pública do Maranhão e por indígenas ouvidos pela reportagem. A Polícia Rodoviária Federal também foi acionada.
As autoridades do estado falam que houve um atentado a tiros contra um grupo indígena na BR-226 entre os municípios de Grajaú (MA) e Barra do Corda (MA). O ataque ocorreu próximo às aldeias Boa Vista e El Betel, que fica às margens da BR-226. Até agora, ninguém foi preso, nem se sabe a causa do ataque.
Um índio morreu no local do atentado e outro durante o socorro. Os outros dois indígenas feridos estão sendo atendidos na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de Barra do Corda. O estado de saúde deles ainda não foi divulgado.
Em protesto, índios bloquearam o trecho da rodovia onde ocorreu o ataque. Não há previsão de liberação da rodovia. Equipes das polícias Rodoviária Federal, Civil e Militar estão no local.
A Polícia Civil informou que um ônibus que passava pelo local do protesto furou o bloqueio e foi atingido por pedras. O motorista se assustou com o bloqueio, acreditando que era assalto e acelerou contra a barreira. Não há relatos de passageiros feridos.
Como ocorreu o ataque
Segundo a polícia, os índios voltavam de uma reunião entre a Funai (Fundação Nacional do Índio) e a Eletronorte, que fornece energia elétrica para a região, no município de Jenipapo dos Vieiras, quando foram atingidos a tiros disparados por ocupantes de um celta branco, de placas não anotadas. Até agora, o carro não foi identificado.
“Numa descida, próximo à aldeia, eles foram abordados e alvejados a tiros. Não perguntaram nada, simplesmente atiraram. No trajeto, eles baixaram os vidros do carro para ver se era indígena e atiraram neles. Até o momento ninguém sabe o porquê dos disparos, dessa manifestação de violência”, disse uma liderança indígena.
Lideranças indígenas enviaram áudios
Lideranças indígenas enviaram diversos áudios para o UOL relatando o ocorrido e eles dizem que o clima no local é de tensão. “Pedimos que a polícia apure e a Justiça busque faça a punição dessas pessoas. O clima aqui está tenso, não é brincadeira”, disse a liderança da Terra Indígena Cana Brava, Mauro Guajarara, que é cacique da aldeia Monalisa.
O governo do Maranhão informou que Secretaria de Estado dos Direitos Humanos e Participação Popular está acompanhando o caso junto à SSP (Secretaria de Estado de Segurança Pública) e representantes da Funai.
“Neste momento, uma equipe técnica da Sedihpop encontra-se em deslocamento à Jenipapo dos Vieiras. A SSP, por meio das polícias Civil e Militar, está no local, tomando as providências cabíveis. Os indígenas feridos já foram encaminhados para o hospital, com apoio do (Dsei (Distrito Sanitário Especial Indígena) do Maranhão”, informou.
O Governo do Maranhão disse que informou o caso à Polícia Federal “solicitando a adoção das medidas cabíveis.”.
Segundo o cacique Magno Guajajara, os índios mortos são os caciques Firmino Silvino Guajajara e Raimundo Bernice Guajajara. Eles são da Terra Indígena Cana Brava e Lagoa Comprida.