Os presidentes do PP, Ciro Nogueira, e do PL, Valdemar Costa Neto, deixaram no ar nesta quinta-feira, 22, a possibilidade de que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), seja candidato a presidência da República. Ambos, porém, disseram que vão insistir até o fim na candidatura do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O discurso vai na contramão do que tem dito Tarcísio, que é categórico ao afirmar que será candidato à reeleição.
Ciro e Valdemar falaram com a imprensa na chegada ao evento de filiação do secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, ao PP.
O plano inicial é que Derrite seja candidato a senador ao lado do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL).
Porém, o cenário pode mudar se Tarcísio sair para o Planalto. “Aí nós vamos passar a defender legitimamente o nome do Derrite ao governo”, respondeu Ciro Nogueira, que acredita que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, Tarcísio ou os filhos do ex-presidente venceriam Lula no ano que vem.
Derrite disse no início da semana que não pretende ser candidato ao governo porque está “100% alinhado” com a decisão de Tarcísio disputar a reeleição.
Já Valdemar foi perguntado se, além da candidatura de Eduardo ao Senado, o PL pleitearia a vice na chapa de Tarcísio em São Paulo.
“Nós temos que ver o que o Tarcísio vai resolver para a gente poder resolver nossa vida”, respondeu o presidente do PL.
Ao questionar se os processos contra Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF) atrapalhariam a articulação do PL para as eleições, negou. “Nós não temos candidato, o nosso candidato é o Bolsonaro”, concluiu Valdemar.
O presidente do PL disse que pelas pesquisas, a eleição de Eduardo Bolsonaro ao Senado está garantida, e que a outra vaga em disputa pode ficar com Derrite, mas “vai ser uma guerra”.
“Quem vai falar quem será o candidato a presidente é o Bolsonaro. Por quê? Porque ele é o dono dos votos”, disse Valdemar.
Valdemar disse também que Eduardo vai voltar ao País antes do final da licença parlamentar de quatro meses, ou seja, antes de 20 de julho.
O filho de Bolsonaro se mudou para os EUA para articular junto ao governo de Donald Trump a imposição de sanções contra o Supremo Tribunal Federal (STF), especialmente contra o ministro Alexandre de Moraes.
“A gente não vê a hora dele voltar. Ele vai continuar o trabalho dele, é um parceiro de primeira hora que vem lutando na política pelo bem, um camarada de respeito, sério e dedicado”, disse o dirigente partidário.
Ele disse que espera lançar o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o próprio Derrite. “Ele [Eduardo] é um candidato eleito hoje pelas pesquisas. Então, nós vamos trabalhar muito para ele manter essa candidatura, porque ele tem uma vaga garantida e pode ser que a outra vaga seja do Derrite. Vai ser uma guerra, não vai ser fácil, não”, declarou.
Valdemar desconversou sobre a possibilidade de Eduardo ser o vice de Tarcísio em uma eventual disputa presidencial. O chefe do PL acrescentou que o deputado, em autoexílio nos Estados Unidos desde março, retornará ao Brasil ao fim da licença de quatro meses. “É lógico que ele vai voltar”, afirmou.
Tarcísio é o nome preferido de partidos do Centrão e da direita para disputar o Planalto em 2026 na ausência de Bolsonaro.
Apesar de negar a possibilidade, o governador tem chamados atenção por criticar a política econômica de Lula nos últimos meses em eventos dentro e fora do País. Tarcísio tem dito que não sairá candidato à Presidência, de forma a demonstrar sua lealdade a Bolsonaro, e também tem defendido que o ex-presidente, seu padrinho político, será o candidato da direita em 2026.
Em outra sinalização que foi lida como indicativo de que se prepara para disputar o Planalto, Tarcísio lançou na terça-feira um programa social que classificou como “mais amplo” do que o Bolsa Família, principal bandeira do PT no enfrentamento à pobreza.
Tarcísio também está no evento, mas não falou com a imprensa na chegada.
Além de Valdemar e Ciro, também compareceram os presidentes do PSD, Gilberto Kassab, do União Brasil, Antônio Rueda, e do Podemos, Renata Abreu.
Todos eles foram chamados para o palco do evento, mesmo caso do presidente da Alesp, André do Prado (PL). O deputado estadual é um potencial adversário de Derrite, já que quer a benção de Tarcísio para se candidatar ao Palácio dos Bandeirantes se o governador não tentar a reeleição.
O PP aposta alto em Derrite e trouxe deputados e senadores de outros Estados para a filiação do secretário.
Ciro Nogueira, presidente nacional do PP, disse que, caso Tarcísio saia candidato à Presidência, o partido defenderá que Derrite seja o candidato ao governo paulista.
“Aí o Derrite deve ser candidato ao governo. Nós vamos defender isso, mas é lógico que é uma construção”, disse Nogueira.
Apesar da projeção de Tarcísio como presidenciável, Ciro declarou que o partido apoia o projeto de lançar Bolsonaro ao Palácio do Planalto.
“Vamos insistir até o fim com a candidatura do Bolsonaro. Se isso não ocorrer, a dona Michelle ganharia bem a eleição do Lula. Tarcísio ganharia fácil, acho que os filhos estão muito fortes. Qualquer nome apoiado pelo Bolsonaro é muito competitivo. A dona Michelle não tenho nem dúvidas que ganharia essa eleição com muita facilidade”, afirmou.