A Fundação de Apoio Tecnológico (FUNATEC), sediada no Piauí, tornou-se sinônimo de desconfiança na realização de concursos públicos. Envolvida em uma série de escândalos e decisões judiciais, a entidade acumula histórico de irregularidades que vão desde contratações suspeitas até ausência de transparência na gestão dos certames.
No próprio estado de origem, a FUNATEC já foi alvo de dois pedidos de extinção apresentados pelo Ministério Público do Piauí. O primeiro, em 2017, apontava a ausência de prestação de contas e falta de transparência na aplicação dos recursos. A fundação firmou um Termo de Ajuste de Conduta para evitar o fechamento, mas as irregularidades continuaram. Em 2022, uma nova ação foi ajuizada com o objetivo de extinguir a entidade, processo que ainda está em andamento.
No Maranhão, a presença da FUNATEC em concursos públicos tem gerado uma sequência de suspensões e investigações. Em São Félix de Balsas, o juiz Thiago Ferrare Pinto suspendeu o contrato com a fundação após constatar indícios graves, como uma contratação por inexigibilidade concluída em menos de 24 horas — procedimento que fere as regras da Lei de Licitações.
Em Pinheiro, o Ministério Público ingressou com ação civil pública relatando uma série de falhas, entre elas o desrespeito ao teto de gastos, a falta de transparência e violações de direitos de candidatos negros e pessoas com deficiência. Diante das denúncias, a juíza Arianna Rodrigues de Carvalho Saraiva determinou a suspensão do concurso.
Situação semelhante ocorreu em Vitória do Mearim, onde o juiz Azarias Cavalcante de Alencar interrompeu o certame após identificar vícios no processo licitatório e ausência de transparência. Já em Santa Luzia, uma ação popular levou o prefeito a instaurar um processo administrativo para apurar irregularidades que envolvem a ilegalidade na contratação da banca e o descumprimento das cotas obrigatórias para pessoas com deficiência e negros.
Em Rosário, o caso chegou ao Tribunal de Contas do Estado (TCE-MA). O procurador de contas Douglas Paulo da Silva emitiu parecer pela anulação do concurso, apontando que as taxas de inscrição foram recolhidas diretamente pela banca — o que contraria a Lei de Responsabilidade Fiscal — e que não houve estudo de impacto financeiro. O auditor Jardel Adriano Vilarinho da Silva também reforçou, em relatório técnico emitido em setembro de 2025, a necessidade de anular o certame diante das inúmeras irregularidades.
O acúmulo de decisões judiciais e pareceres contrários evidencia que a FUNATEC deixou de ser vista como uma instituição de credibilidade e passou a representar, para muitos candidatos e órgãos de controle, um sinônimo de desorganização, falta de transparência e suspeitas de fraude na realização de concursos públicos no Maranhão e em outros estados do país.


