• Cotados para formar chapa em 2022, Alckmin e Lula se encontram em jantar

    Antigos antagonistas na política nacional, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin se encontraram publicamente na noite deste domingo, 19, pela primeira vez desde que ambos começaram a negociar uma aliança para disputar as eleições de 2022. Organizado pelo Prerrogativas, grupo de advogados antilavajatistas, o “Jantar pela Democracia” deve reunir cerca de 500 convidados, incluindo governadores, presidentes de partidos e mais dois presidenciáveis, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e a senadora Simone Tebet (MDB-MS).

    O ex-presidente e o ex-governador apareceram em fotos publicadas nas redes sociais. Nas imagens, também aparecem os ex-prefeitos de São Paulo Fernando Haddad e Marta Suplicy, além do ex-governador paulista Márcio França. Eles se cumprimentaram e depois se dirigiram a um local mais reservado no restaurante onde é organizado o jantar. Também estavam presentes no encontro Haddad, o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio Neto (PSDB), o senador Omar Aziz (PSD-AM), o presidente do PSD, Gilberto Kassab, os deputados federais Marcelo Freixo (PSB-RJ) e Alessandro Molon (PSB-RJ), o ex-deputado federal Almino Affonso (PSB) e o advogado Antonio Mariz de Oliveira.

    Alckmin e Lula já haviam se encontrado reservadamente. Segundo interlocutores, o petista nunca convidou o ex-governador a integrar a chapa. Apesar disso, ambos deram declarações públicas que convergiam para uma aproximação. Alckmin afirmou não ter “diferenças intransponíveis” em relação ao petista. Lula, por sua vez, disse que não há nada que aconteceu entre eles que não possa ser “reconciliado”.

    Depois de sair na semana passada do PSDB, partido do qual foi fundador, Alckmin tem sido apontado como possível candidato a vice-presidente na chapa petista. Lula atualmente lidera as pesquisas para a Presidência e ganharia no primeiro turno se a eleição fosse agora, de acordo com Datafolha e Ipec. O ex-tucano, por sua vez, é o nome preferido pelos paulistas para o governo estadual, segundo pesquisa Datafolha divulgada no sábado. Ele já recebeu convites para filiação ao PSD e ao Solidariedade, mas estuda entrar para o PSB, partido que recentemente acolheu o governador do Maranhão Flávio Dino e o deputado federal Marcelo Freixo.

    O parlamentar fluminense é pré-candidato de seu partido ao governo do Rio. Mais cedo no domingo, ele se encontrou com Alckmin para um café. No Estado, o apoio do PT a Freixo já está bem encaminhado — mas petistas e socialistas ensaiam uma aliança nacional. Uma das peças do tabuleiro é o ex-governador de São Paulo Márcio França (PSB), também presente no jantar. Aliado de Alckmin, ele tem dito que o acordo entre os dois partidos depende da desistência da candidatura do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) ao governo paulista.

    O ex-governador paulista deixou o PSDB na quarta-feira da semana passada e negocia a filiação a um novo partido. Uma das hipóteses é que ele entre no PSB. Neste domingo, antes do jantar, ele se encontrou com o presidente nacional da sigla, Carlos Siqueira, e com o deputado federal Marcelo Freixo, que deve ser candidato ao governo do Rio. Além disso, um dos principais articuladores de Alckmin é o seu antigo vice, Márcio França (PSB), que quer concorrer ao governo paulista com apoio do PT.

    Alckmin discute, ainda, com PSD e Solidariedade. Também presente ao jantar deste domingo, o presidente do Solidariedade, Paulinho da Força, reforçou que pretende apoiar Lula à Presidência e que gostaria de ter Alckmin na chapa:

    — Estamos conversando, mas acho que vice-presidente não se escolhe faltando um ano. São conversas preliminares, colocamos o partido à disposição do Alckmin, se quiser ser candidato por aqui, será bem-vindo. Ele está conversando com todo mundo. Comigo, PSB, Kassab.

    Paulinho da Força disse durante o jantar que Alckmin seria “bem-vindo” pela legenda para ser vice de Lula. Ele acrescentou que seu partido tem conversado bastante com o ex-presidente. “Estamos trabalhando para fazer uma aliança o mais rápido possível, para que o Lula possa unir não só a esquerda, como também o centro e até a direita, para ganhar a eleição em primeiro turno”, afirmou.

    O jantar tem mais de 500 convidados. A lista inclui presidentes do PT, Gleisi Hoffmann, do PSD, Gilberto Kassab, do PSB, Carlos Siqueira e do MDB, Baleia Rossi. Também colocaram nome na lista parlamentares, como a senadora Simone Tebet (MDB) e o senador Renan Calheiros (MDB), e governadores, como os petistas Camilo Santana, do Ceará, e Wellington Dias, do Piauí, e o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB). O ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que hoje é secretário do governo de São Paulo, comandado por João Doria (PSDB), o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), e o ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio (PSDB), também foram.

    O jantar ocorre desde as 19h no restaurante Figueira Rubaiyat, no Jardim Paulista, com convites a R$ 500. A renda do evento será revertida para a campanha de distribuição de alimentos Tem Gente Com Fome, organizada pela Coalizão Negra por Direitos. Por volta das 18h, o evento já formava uma fila de convidados na porta. Na entrada dos fundos, manifestantes com o boné do partido PCO gritavam: “Lula, sim, Alckmin não!”, contra a aliança entre o petista e seu ex adversário à época de PSDB. (Estadão)

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