Sob influência do cenário nacional, governadores de 12 estados que não podem ou não pretendem ser candidatos à reeleição têm dificuldades para aglutinar sua base em um nome de consenso à sucessão. A polarização entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é o pano de fundo da maioria dessas fissuras locais, com pré-candidatos buscando assegurar o apoio de padrinhos nacionais para tomar a dianteira no cenário estadual.
Entre os governadores que defendem uma “terceira via” na eleição presidencial, a preocupação é que uma eventual insatisfação com a montagem de chapas estaduais leve partidos da base a esvaziarem seu palanque para negociar apoios a Bolsonaro ou Lula. Em alguns casos, a migração do vice para o partido do chefe do Executivo surgiu como alternativa para pacificar a base. Em outros estados, desavenças entre o titular e o vice-governador tendem a fragmentar o grupo da situação. Há casos ainda em que governantes cogitam cumprir o mandato até o fim, abrindo mão de disputar outro cargo em 2022, para abrir espaços a aliados.
Na região Nordeste, que tem oito governadores em fim de segundo mandato, todos enfrentam o risco de dissidências na base. No Maranhão, por exemplo, o governador Flávio Dino (PCdoB) se divide entre um apoio a seu vice, Carlos Brandão (PSDB), ou ao senador Weverton da Rocha (PDT). Ambos têm se colocado como pré-candidatos ao governo.
Embora seja aliado de Ciro Gomes, presidenciável do PDT, Weverton se reuniu no início do mês com Lula em Brasília e abriu diálogo com o petista, cuja candidatura em 2022 é apoiada por Dino. Outro elemento que movimenta as costuras à sucessão é a possível filiação de Dino ao PSB, que pretende lançá-lo como candidato ao Senado. Nesta hipótese, Brandão assumiria o governo no início de 2022 abrindo palanque a um presidenciável do PSDB, enquanto Dino consolidaria uma frente de esquerda.
— O convite ao governador está feito, creio que ele está discutindo a transição. O PSB vai defender uma aliança na esquerda — afirmou o deputado Bira do Pindaré (PSB-MA). Com informações de O Globo