• Quatro pessoas são presas suspeitas de assassinar índio Guajajara no MA

    Imagem do índio Erisvan Soares Guajajara, de 15 anos.

    Quatro homens foram presos hoje suspeitos de envolvimento no assassinato do índio Erisvan Soares Guajajara, 15, encontrado morto na madrugada de ontem, no município de Amarante do Maranhão (MA). O adolescente foi assassinado a golpes de faca junto com um não índio identificado pelo nome de Roberto do Nascimento Silva, 25. O crime pode estar ligado a roubos e tráfico de drogas, segundo a polícia.

    Os homens estão presos na delegacia de plantão de Imperatriz (MA). Eles foram identificados pelos nomes de Arnaldo Mendes dos Santos, Eduardo Araújo Lima, Henrique da Conceição Silva e José Rodrigo da Silva. A polícia não divulgou o conteúdo dos depoimentos dos suspeitos de cometer as mortes. Não há delegacia no município de Amarante do Maranhão, e as investigações do crime estão sendo feitas por equipe da Delegacia Regional de Imperatriz.

    O UOL tentou localizar a defesa dos suspeitos, mas não conseguiu. A polícia informou que eles não constituíram advogado e devem ser assistidos pela Defensoria Pública durante audiência de custódia, que deverá ser realizada em até 48 horas. Os quatro suspeitos foram presos por policiais da Força Tática e da Rádio Patrulha, do 34° Batalhão de Polícia Militar. As equipes compõem a Operação da Força Tarefa Vida, instituída pelo governo do Maranhão, para apurar casos de violência contra índios.

    O comandante do 34º Batalhão de Polícia Militar de Amarante do Maranhão, coronel Jorge Araújo, relatou que o índio e o colega já se envolveram em roubos de telefones celulares e tráfico de drogas. Ele disse que a polícia suspeita que o crime pode ter ligação com desavenças das vítimas com outros criminosos. A Funai (Fundação Nacional do Índio) disse que a morte de Erisvan Soares não tem ligação com crime de ódio ou com conflitos por terra com madeireiros e fazendeiros.

    Este é o quarto índio da etnia Guajajara assassinado em menos de dois meses. Na semana passada, dois caciques Guajajaras foram mortos em um atentado a bala que feriu mais outras duas lideranças indígenas, na BR-226, entre os municípios de Grajaú (MA) e Barra do Corda (MA). Em novembro, o líder indígena Paulo Paulino Guajajara foi morto em um confronto com madeireiros na Terra Indígena Arariboia, na região de Bom Jesus das Selvas (MA). Ele integrava grupo de agentes florestais indígenas autodenominados “guardiões da floresta”, que atua na preservação da mata.

    A CPT (Comissão Pastoral da Terra) contabilizou, até a semana passada, o assassinato de oito índios este ano. De acordo com relatório da CPT, em 2019 ocorreram 27 assassinatos de pessoas em conflito por terras, como índios, quilombolas, ambientalistas, etc. Em 2018, foram dois índios, das 28 mortes registradas. Em 2017, foram cinco índios das 71 mortes registradas. A Polícia Federal investiga os assassinatos dos três índios. Até agora, nenhum suspeito destes crimes foi preso. O Ministério da Justiça enviou homens da Força Nacional de Segurança Pública para atuar na região, que está em clima de tensão com a série de assassinatos. A tropa chegou na última quarta-feira (11) e deverá ficar na região por 90 dias.

    Um cacique da Terra Indígena Cana Brava relatou ao UOL, após o atentado que resultou na morte de duas lideranças indígenas, que o povo Guajajara sofre ameaças constantes, com motivações de ódio e de disputa por terras. Os Guajajaras são conhecidos por defender a floresta e lutam para não ter terras invadidas por fazendeiros e madeireiros da região. (Aliny Gama, UOL)

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