• Suplicy revê cartão vermelho a Sarney em livro

    Ao longo de 2009, surgiram ou voltaram à tona diversas denúncias contra José Sarney (MDB), então presidente do Senado.

    Havia suspeita de que ele teria interferido a favor de um neto que intermediava empréstimos para servidores do Congresso, de que teria usado o cargo para beneficiar a fundação que leva seu nome, entre tantas outras.

    Com o apoio do PT, o Conselho de Ética do Senado decidiu arquivar os processos contra Sarney. O partido do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva não queria saber de nenhum desgaste com o poderoso aliado.

    Dias depois, durante um discurso na tribuna no qual sugeria a Sarney que se afastasse da presidência da Casa, o senador Eduardo Matarazzo Suplicy (PT-SP) mostrou um cartão vermelho para advertir o colega —um cartão, diga-se, um tanto maior que o usado pelos árbitros de futebol.

    ​Suplicy recebeu mais de 2.000 emails de apoio no dia seguinte e foi muitas vezes cumprimentado nas ruas. Era evidente que o cartão vermelho, gesto inusitado de um político afeito a ações performáticas, havia repercutido mais do que qualquer discurso crítico a Sarney.

    A iniciativa irritou a direção do PT, como Suplicy conta, de modo sucinto, no recém-lançado “Um Jeito de Fazer Política”, livro assinado por ele e pela jornalista Mônica Dallari.

    Esse episódio e o modo como ele é apresentado são reveladores a respeito do livro.

    Reúne passagens relevantes ou curiosas da trajetória política e da vida familiar de Suplicy, mas evita ou aborda apenas superficialmente os atritos que têm marcado a relação do atual vereador de São Paulo com o PT, partido do qual foi um fundadores em 1980.

    “Um Jeito de Fazer Política” é a primeira parte de um projeto autobiográfico, lançado meses depois de o economista e ex-professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP) completar 80 anos.

    Dividido em capítulos curtos, sem uma ordem cronológica rigorosa, o volume inicial vai das memórias de infância e adolescência na São Paulo dos anos 1940 e 1950 à defesa enfática da Renda Básica de Cidadania.

    Inclui ainda a resistência às ações violentas da polícia para defender movimentos populares à amizade com expoentes da cultura paulistana, como Zé Celso e Mano Brown (autor de um dos prefácios).

    O segundo volume, a ser lançado ao longo deste ano de 2022, vai se concentrar nas atividades dele como senador, função que exerceu de 1991 a 2014. Com informações da Folha de SP

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