O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reafirmou, na tarde desta quarta-feira (3/5), que não cometeu “nenhuma fraude”, após ser alvo de operação da Polícia Federal (PF) que investiga irregularidades em dados de vacinação contra a Covid-19. Segundo o ex-mandatário, o cumprimento de mandados de busca e apreensão na casa dele, pela manhã, foi uma ação policial com objetivo de “esculachar”. Ele confessou que não se vacinou contra a Covid-19 e afirmou que apenas sua esposa foi imunizada com a dose única Janssen, durante uma viagem para os Estados Unidos em 2021.
“Essa questão de hoje, receber a PF na sua casa, não há dúvida de que é o que eu chamei de operação para te esculachar. Poderiam perguntar sobre vacinação para mim, sobre o cartão, eu responderia, sem problema nenhum. Agora é uma pressão enorme, 24 horas por dia, o dia todo, desde antes de assumir a Presidência, até agora. Não sei quando isso vai acabar”, declarou Bolsonaro durante o programa Pânico, da Jovem Pan. (veja no vídeo acima)
“Por que eu fico emocionado? Mexeu comigo, sem problema. Agora vai para a esposa, para a filha… É desumano”, prosseguiu.
Após a operação em sua residência, Bolsonaro reafirmou que não tomou a vacina contra a Covid-19 e negou ter falsificado dados. “Não existe adulteração da minha parte. Eu não tomei a vacina. Li a bula e não tomei. Minha filha de 12 anos não tomou. A Michelle [Bolsonaro] tomou nos EUA”, disse a jornalistas em frente à casa onde mora, em Brasília.
Operação da PF
Nesta manhã, Bolsonaro foi alvo da Operação Venire, que apura o envolvimento do ex-presidente com uma associação criminosa acusada de fraudar dados de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde. Os cartões de imunização dele e da filha, Laura, teriam sido alterados.
Bolsonaro relatou que a busca e apreensão na residência teve como alvo os cartões de vacina dele e da esposa. Ele afirmou que seu celular foi levado pelos investigadores, mas disse não temer o resultado das investigações, pois não teria tomado a vacina contra o coronavírus nem fraudado informações.
Após a busca, a PF intimou Bolsonaro a prestar depoimento na sede da corporação em Brasília. No entanto, o ex-presidente afirmou que não comparecerá.
Como não existe mais a figura da condução coercitiva, Bolsonaro pode se recusar a prestar esclarecimentos. Nesse caso, a PF, se achar necessário, pode intimá-lo novamente.
Confira a íntegra da entrevista abaixo.
“Pressão”
Pela manhã, ainda em casa, ex-presidente disse ainda que a operação foi deflagrada para “criar fatos” contra ele.
“Eu realmente fico surpreso com uma busca e apreensão nesse sentido. Em momento nenhum falei que tomei a vacina. Todo mundo é cidadão igual, mas fazer busca e apreensão na casa de um ex-presidente? Eu fico… Hoje em dia, no Brasil, tudo é possível”, pontuou.
O ex-mandatário ainda afirmou que nunca foi cobrado dele cartão de vacinação para entrar nos Estados Unidos. “Nunca me foi pedido cartão de vacina em lugar nenhum, não existe adulteração da minha parte. Eu não tomei a vacina, ponto-final. Havia gente que me pressionava para tomar a vacina, normal, mas li a bula da Pfizer e não tomei”, ressaltou.
Bolsonaro afirmou que os agentes tiraram foto do cartão de vacina de Michelle, sob a suspeita de fraude. “Ela passou mal logo na volta para o Brasil. No ano passado (2022) voltou a ter uma crise e o médico falou que era por causa da vacina, mas tudo bem”, disse o ex-presidente que continuou justificando o cartão de vacina da sua filha mais nova, Laura Bolsonaro.
“Quando a Anvisa falou que ia abrir a vacina para crianças de 5 a 12 anos, eu liguei e falei: ‘Mas aqui está como possíveis efeitos colaterais, entre outros, palpitação, dor no peito e falta de ar, e que a recomendação é procurar o médico’. O que o médico faria para conter uma falta de ar? E falaram que não sabiam. Então falei que minha filha não iria tomar uma vacina que ainda é experimental”, explicou Bolsonaro que ressaltou um atestado que dispensa a filha de ser vacinada.
O ex-presidente também afirmou que é inocente sobre as alegações de fraude e disse que as recentes investigações contra sua pessoa são uma perseguição. “Eu chamo de operação para te esculachar. Podia perguntar sobre vacina pra mim, sobre cartão, eu respondia sem problema nenhum. Por que eu fico emocionado? Mexer comigo, sem problema, agora quando vai para esposa, filho”.