O presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, deputado Arthur Maia (União-BA), e relatora da comissão, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), vão se reunir para tentar chegar a um acordo sobre uma sessão deliberativa para votar novos requerimentos.
Há um impasse porque a base do governo, o que inclui a relatora, quer se aprofundar nas descobertas envolvendo as investigações sobre o suposto esquema, alvo de inquérito da Polícia Federal, de venda de joias e outros itens dados a Jair Bolsonaro na condição de presidente da República. Já o presidente do colegiado resiste a entrar no assunto. A data da reunião entre os dois ainda não está marcada, mas deve acontecer nesta semana.
– Ainda ontem falei com a nossa relatora. Eu e ela teremos uma reunião para tratar dessa próxima reunião deliberativa – disse o deputado na sessão de hoje da CPI mista.
Há uma demanda de parlamentares alinhados ao governo, que são maioria na CPI, para convocar o general Mauro César Lourena Cid, o tenente Osmar Crivelatti e o advogado Frederick Wassef. Os três foram alvos de mandados de busca e apreensão na última sexta-feira, e a PF investiga o papel de cada um no suposto esquema de vendas de joia.
Há também requerimentos para a quebra de sigilo fiscal de Bolsonaro e sua mulher, o que também foi pedido pela PF e pedidos de apreensão do passaporte dos dois.
Bolsonaro e Michelle também são alvos de requerimentos para que prestem depoimentos, mas, mesmo na base, há uma avaliação de que o assunto não deve ser o foco agora. O entendimento é que, caso haja acordo para chamá-los, seria algo a ser feito apenas quando a CPI entrar na reta final.
Maia reforçou hoje que não vai entrar no caso, mas evitou associar isso a uma defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro.
– Eu não vou entrar nisso, porque isso não tem nada a ver com o 8 de janeiro. Não contem comigo para esse tipo de coisa. Eu sou uma pessoa muito ponderada. Eu não estou aqui pra defender o presidente Bolsonaro, não estou aqui pra defender o governo.
Por outro lado, Elziane declarou que aprofundar as investigações sobre o assunto é necessário para obter possíveis informações sobre o financiamento dos ataques.
– Nesta altura de investigação, nós não podemos excluir, não podemos ter um veredito, um julgamento final – disse.
A relatora falou ainda que conversará com Maia e outros integrantes da CPI para a “construção de acordos e de entendimento que dê bom andamento aos trabalhos desta relatoria e que não haja a obstrução dos nossos trabalhos como relatora”. (O Globo)