A violência grassa nas capitais e suas periferias, mas não é de hoje, faz tempo (bota tempo nisso!) e o PT só está no ataque ao ministro Flávio Dino (PSB, ex-PCdoB), querendo despachá-lo para o Supremo, com dois interesses casados: para abocanhar mais um ministério de primeiro time e tirar da frente um potencial adversário à Presidência em 2030. E o partido alardeia que gostaria de dividir o Ministério da Justiça em dois, para ficar com a parte da Segurança Pública. Será mesmo? O mais provável é que queira disputar o filé, que é a Justiça, não a Segurança, um osso duro de roer.
A Justiça, elegante, cuida de boas causas, como relação com tribunais, defesa do consumidor, Cade (competição empresarial) e ANPD (segurança de dados). Já a Segurança Pública, nada elegante, poderia ser chamada de Ministério da Bala, para lidar com organizações criminosas, bandidos, tiroteios e mortes. Talvez, nem o Centrão queira isso, só quem tivesse um plano mirabolante contra a violência urbana. Alguém tem?
Os governadores estão aflitos. Tarcísio de Freitas (SP) resolve na bala, mas Jerônimo (BA), Cláudio Castro (RJ) e Raquel Lira (PE) conversaram com Dino nesta segunda-feira, 25, na expectativa de parcerias definitivas, não pontuais, entre estados e Brasília. Mas… teria de mudar a Constituição.
O modelo e o centro da segurança pública é dos Estados, com PMs e Polícias Civis. O governo federal não tem receita, tropa, nem atribuição, só tem a PF, a PRF e as Forças Armadas. A PF não é para entrar em comunidades conflagradas e sair dando tiro. É para investigações, inquéritos, como subsidiária e suporte. A PRF, quando usa a força, usa errado. E as FA só entram com a Garantia da Lei e da Ordem (GLO, artigo 144 da Constituição).
Com grave crise de segurança e guerra de faccões, a PF mandou agentes e quatro carros blindados para a Bahia, destacou agentes para praticamente assumir uma penitenciária para 70 presos de alta periculosidade em Pernambuco, atuou com a Marinha para apreender 3,6 toneladas de cocaína no litoral pernambucano. E a Marinha, aliás, defendeu uma ponte na Rio Grande do Norte.
O diretor geral da PF, Andrei Passos, porém, não quer nem ouvir falar de comando conjunto PF-PM no Rio, como gostaria o governador, porque a federal não é polícia de choque, de distúrbio, não pode virar uma PM federal. E as FA não aceitam agir na segurança pública sem ter o comando das operações. Logo, o PT jogar a culpa da violência sobre um ministro que assumiu há dez meses é só pretexto. Pior mesmo é o descalabro da segurança na Bahia, governada pelo partido por 16 anos. (Eliane Cantanhêde)
Uma resposta
Vejo a esquerda com candidatos + conhecidos nacionalmente e tbm mais jovens do que o Dino, que seriam o Haddad e o Boulos; então fazer esse cálculo de que o PT está tentando matar 2 coelhos com 1 só paulada ao meu ver não condiz com a realidade. É só especulação.
Se o Flávio Dino realmente almeja (e acha que tem chances reais de) ser eleito presidente em 2026/2030, então vá lá, que ele tente a sorte. Só que ainda faltam 3 anos pra 2026 e 7 anos pra 2030, e muita coisa pode e vai acontecer até lá.
Vejam bem, quem em seu juízo perfeito diria em 2019, à apenas 4 anos atrás, que em 2023 seria o Lula que estaria governando o Brasil novamente, estando ele inelegível e preso nessa época? Nem o petista + fanático ousaria falar em voz alta algo parecido.
Imagina então uma “possibilidade” de disputar uma eleição (com chances reais) daqui a 7 anos? Parafraseando o ditado popular, eu ficaria com o pássaro na mão (a indicação ao STF) do que me arriscar com os 2 pássaros voando (concorrer à presidência em 2030).