• Saiba o que pode ter causado falha em avião antes de queda que matou 62 em SP

    Uma falha no sistema anti congelamento do avião que caiu em Vinhedo, no interior de São Paulo, é uma das principais hipóteses para o acidente que provocou a morte de 62 pessoas. O problema teria provocado um acúmulo de gelo na aeronave, que fez com que ela começasse a girar “em parafuso chato”, condição chamada de estol, até colidir com o solo.

    O piloto teria pedido permissão à torre de comando para reduzir sua altitude, dizendo que os níveis de gelo estavam muito elevados. A torre de controle teria negado a solicitação.

    Ao Metrópoles, o especialista em aviação Roberto Peterka afirma que, se aeronave estivesse em uma altitude mais elevada, o gelo poderia ter derretido, fazendo com que o avião retomasse as condições normais de voo.

    “Ele veio numa perda de controle em voo. A hipótese provável é justamente a formação de gelo. O gelo acaba se formando nas asas e altera o perfil aerodinâmico, e aí a aeronave perde a sustentação e vem para o chão. Provavelmente, se ele tivesse mais altura, o gelo poderia descongelar, e ele adquirir as condições de voo normal.”

    O engenheiro aeronáutico Celso Faria de Souza, perito criminal em acidentes aeronáuticos e diretor da Associação Brasileira de Segurança de Voo (Abravoo), com base em imagens da queda do avião da Voepass, em Vinhedo, tem duas hipóteses para o acidente, sendo que uma delas tem 95% de chance de ser a principal causa, diz ele.

    — Havia previsão de formação de gelo na área do acidente. O gelo pode ter se formado na asa da aeronave e o sistema de degelo, por alguma razão, não funcionou. Com isso, o avião perde sustentação e cai da forma que vemos no vídeo — diz ele.

    Ele observa que nas imagens é possível ver que a estrutura da aeronave está íntegra, sem avarias, o que reforça a tese do gelo na asa. Um piloto de A320 que voou hoje para Guarulhos chegou a reportar formação de gelo na janela lateral da cabine, um fato raro.

    — Se tivesse que apostar na possível razão da queda, diria que há chance de 95% de que isso tenha provocado a queda — afirmou Souza ao GLOBO.

    A outra hipótese, menos provável segundo o perito, é que a aeronave tenha sofrido um desbalanceamento durante o voo. Isso significa que uma possível carga dentro da aeronave tenha se movido para a parte de trás do avião, causando a perda de sustentação e a queda.

    Com base em dados do site Flight Radar, o avião estava a 17 mil pés, dentro de uma área com formação de gelo severa, confirma um piloto e especialista em segurança de voo, que prefere não se identificar.

    O avião ATR-72 da VoePass que saiu de Cascavel, no Paraná, com destino a Guarulhos (SP), estava próximo de iniciar os procedimentos de descida quando caiu próximo a Vinhedo. Segundo pilotos ouvidos pela reportagem, condições climáticas, com formação de gelo na região onde o avião perdeu o controle seria um fator contribuinte para o acidente.

    O ATR-72 tinha 58 passageiros e 4 tripulantes a bordo. Pelas imagens do momento da queda, o avião estava em voo de cruzeiro quando perdeu sustentação (estól) e caiu na vertical em espiral — o que em manobras acrobáticas é conhecido como “parafuso chato”.

    Pilotos são treinados para recuperar o avião quando há perda de sustentação. No caso do avião da VoePass, o avião tinha altitude para em tese conseguir recuperar a sustentação, o que pode ser um indicativo que o gelo pode ter congelado a asa e o sistema de degelo não funcionou.

    O ATR tem um sistema de degelo diferente dos jatos de Boeing e Airbus, e o avião voa em altitudes mais baixas e mais sujeitas a congelamento.

    A queda foi registrada em vídeo por diferentes ângulos. Nas imagens, é possível ver o avião caindo verticalmente até atingir o quintal de uma casa no condomínio no bairro Capela.

    O avião caiu cerca de 5 km em menos de dois minutos.

    Após a colisão, a aeronave explodiu e provocou um incêndio.

    O avião PS-VPB, de matrícula PTB 2283, saiu de Cascavel, no Paraná, com destino ao Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos.

    Entre as vítimas, estão 58 passageiros e quatro tripulantes. Eles ainda não tiveram as identidades reveladas. Segundo o Governo de São Paulo, os corpos devem ser encaminhados para Instituto Médico Legal (IML) de Campinas, cidade vizinha. É possível que IMLs de outros municípios também sejam utilizados. (Metrópoles)

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